Ao esforço por «reparar que ELE me olha», Teresa chama-lhe «Recolhimento activo», porque depende de nós procurá-lo, exercitarmo-nos nele e mantê-lo. Diz Teresa: «entendei que isto (ainda) não é coisa sobrenatural, senão que está no nosso querer e podemos fazê-lo com o favor de Deus pois, sem ele, não se pode nada...» ( C.P.29,4)
Porque, com o tempo, outro «recolhimento» aparecerá, sem que a actividade humana o possa justificar! A este chama-se «recolhimento passivo» que é um Dom de Deus!
Teresa atribui ao «Recolhimento activo» um alto valor humano porque ajuda muito a tornarmo-nos pouco a pouco, «senhores de nós mesmos». Em definitiva é um modo inteligente de controlo que a pessoa exerce sobre si mesma e que trata de pôr ao serviço deste exercício de fé que é a oração ( a relação com O Amigo).
Este recolhimento activo que favorece o auto-controlo nada tem a ver com o humanismo fechado e auto centrado sobre si mesmo. Teresa difere radicalmente desses dois humanismos, já que para ela o que lhe interessa é «dispôr-se a ser tomado por Deus». Assenhorear-se de si mesmo é, no fundo, a possibilidade de «entregar-se» sem resistências nem barreiras.
Aqui estão as palavras dela: «temos de nos desocupar de tudo para nos chegarmos interiormente a Deus» ( C.P. 29,5). É um processo para facilitar a "encarnação" do Amor de Deus em tudo quanto é humano. Só depende da pessoa querer iniciar este processo libertador da própria vida.