Estamos realmente dentro da simplicidade, mas uma simplicidade que se realiza num regime de pobreza.
Que quer isto dizer?
Existem precisamente - segundo a mística do Carmelo Descalço - duas grandes fontes para esta experiência relacional com Deus de que tratamos:
1. A pobreza ou penúria de recursos humanos.
2. A crescente urgência da presença de Deus.
Necessariamente o amigo de Deus (o orante) recebe uma nova percepção de si mesmo: Ao "afundar-se" na percepção de Deus parece ter empobrecido pessoalmente. E isto, porquê?
A acção de Deus produz impotência, secura e uma espécie de passividade das faculdades mentais. Esta passividade é consequência do "schok" do contacto com Deus.
O efeito normal e o mais precioso desta acção de Deus é precisamente essa experiência de impotência nas faculdades.
Na verdade, com o tempo, o orante foi experimentando o cansaço de pensamentos e imagens. É desta forma que as imagens mentais e o pensamento tantas vezes irrequieto, deixam de ser um obstáculo, para dar oportunidade a que o olhar interior brote, um olhar despojado e que tende a estabelecer-se de forma espontânea, como meio de comunicação interior com O AMIGO. Ela começa a gostar de estar a sós com "atenção amorosa a Deus", na paz interior e quietude e descanso, sem fazer actos ou exercícios das potencias: memória, Inteligência e Vontade. Só essa atenção geral e amorosa a Deus, sem se fixar em nada em particular nem entender em quê...