19. NÃO ESTAMOS VAZIOS

Santa Isabel (Elisabeth) da Trindade


Mergulhados nas "águas" da própria intimidade de nós mesmos e na de Deus, procuramos dentro de nós, não o vazio, mas a revelação de um ROSTO, o do AMIGO!:  "Repara que te olha!" 

Procuramos uma antecipação do «face-a-face» com O AMIGO, anunciado no Apocalipse de João (Apoc. 22,4)...e desejamos vê-L'O com os nossos próprios olhos (Job 19,27). 

Na consciência da Sua proximidade,  vão nascendo as condições para a experiencia de Deus e para o enamoramento. Esta realidade vai passando da «cabeça» para o «coração».

A oração teresiana é uma manifestação AFECTIVA entre as pessoas que se querem bem e que se encontram próximas: Deus e a pessoa humana...Deus e tu... Diz ela: «O que mais havemos de procurar ao princípio é de cuidar só dela (a alma em relação com O Amigo) , fazendo de conta que não há na terra senão Deus e ela; e isto é o que muito lhe convém!». (Vida 13,9). 

A originalidade de Teresa - como já foi dito algures -  é esta: não espera que o afecto seja fruto das ideias ou do discurso mental, mas simplesmente da fé e dessa consciência de proximidade que estabelece com O AMIGO (Deus) dentro de si mesma.
Esta circunstancia suscita o inevitável colóquio «saído do coração», se a consciência de Sua proximidade é forte.

Como exemplo vivo desta interioridade com o Amigo Jesus Cristo, é a nossa Santa Isabel da Trindade, Carmelita Descalça, que morreu aos 26 anos.

18 - COMO TORRENTE! COMO NECESSIDADE EXPRIMIDA!


Madre Maria das Mercês, Fundadora do nosso Carmelo da Guarda, quando era noviça no Carmelo de Coimbra
A nossa relação pessoal com Deus, «REPARAR QUE ELE ME OLHA!» tem uma característica única e saliente: É ser «AMOROSA», «AFECTIVA» ... é o exercício da Vontade que deseja, que busca, que ama. É uma torrente de Amor delicado e puro que invade a nossa pequena vida!

A 1ª manifestação do amor é o afecto, o grito, a necessidade exprimida. 

Não tem de ser necessáriamente clamorosa, pode ser um sussurro, um gemido sincero, uma queixa...tudo aquilo que pode ser expressão viva de um coração ferido ou feliz.
Tudo acontece a partir do INTERESSE da vontade...tudo é «suavemente afectivo». Se vissemos pessoalmente o Senhor «em osso e carne»...correriamos a abraçá-L'O com toda a ternura do coração! tal é a força do amor interior que nos preenche!

A SOLEDADE , que ajuda a que a nossa consciência se disponha para viver a proximidade, a intimidade com O AMIGO..  A isto,  Teresa chama:  «Chamar a vontade...». Chamar, cativar com laços afectivos que brotam daquele olhar interior,a vontade dispersa, rebelde...

Aqui há que aprender a estar a sós com O AMIGO. Ainda não O vemos, mas começa a existir uma percepção gradual e forte da Sua Presença...

Nesta soledade cresce a CONSCIÊNCIA de proximidade e intimidade em relação a Deus (O AMIGO) e em relação a nós mesmos...